1/18/2006

Muro dividirá o norte e o sul



Adital.com.br -
Imigrantes latino-americanos que vivem nos Estados Unidos iniciaram uma coleta de assinaturas para impedir que o governo estadunidense dê prosseguimento ao objetivo de construir um muro na fronteira entre o México e os EUA. Segundo informações da imprensa latina, membros da Coalisão de Imigrantes Guatemaltecos (Conguate) querem entregar as assinaturas à senadora democrata Diane Feinstein (do Estado da Califórnia), para que ela vote contra a lei Sensenbrenner (que propõe construir o muro que separará os dois países e penalizar quem contratar imigrantes ilegais para trabalhar). A construção do muro foi aprovada pela Câmara, com 260 votos a favor e 159 contra, em 15 de dezembro de 2005, e ainda precisa ser discutida no Senado. O muro que visa impedir a entrada de estrangeiros terá 1.100 quilômetros de comprimento, com detectores de movimento e iluminação noturna. O custo da obra será de mais de 1 milhão de dólares por quilômetro e será realizada nos Estados da Califórnia, Arizona, Novo México e Texas.

Em declarações à imprensa, o bispo auxiliar do Distrito Federal mexicano, monsenhor Gregorio Rosa Chávez, disse que a construção desse muro é uma ofensa à dignidade humana e que irá dividir o mundo "entre o norte e o sul, em ricos e pobres". "É uma declaração de desprezo a América Latina"

Desde que o presidente mexicano, Vicente Fox, comprometeu-se com o governante estadunidense, George W. Bush, em 13 de janeiro de 2001, de realizar as políticas anti-imigração, mais de 2 mil imigrantes morreram na fronteira dos dois países. Em 2005, foram 441 mortes, sendo que 15% eram mulheres.

De acordo com as organizações de defesa dos migrantes Coalizão Pró Defesa do Migrante e Califórnia Rural Legal Assistance, essas cifras representam o descaso dos governos estadunidense e mexicano em combater as mortes na fronteira, pois, a cada ano, o número de vítimas aumenta.

As comparações que estão sendo feitas entre o muro estadunidense e o muro de Berlim, na Alemanha, destruído em 1989, foram condenadas pelo embaixador ianque no México, Antonio Garza. Organizações sociais rechaçaram as declarações do embaixador e disseram que não se pode utilizar a desculpa de uma segurança nacional para violar direitos humanos dos imigrantes. As organizações lembram ainda que os imigrantes interessam aos EUA quando o país precisa de força de trabalho.
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