CNN pede desculpas ao Irã por deturpar declarações de Ahmadinejad
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O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, ordenou ontem (17/1), a suspensão da proibição contra a CNN no país depois das desculpas apresentadas pela rede dos EUA por um suposto, e muito suspeito, "erro" de tradução.
Anteontem, o governo iraniano decidiu invalidar as credenciais dos jornalistas da CNN, depois que a correspondente-chefe de internacional, Christiane Amanpour, violou a ética profissional ao deturpar as declarações realizadas pelo presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, durante uma entrevista coletiva realizada no sábado (14/1).
Na entrevista, Ahmadinejad defendeu o direito do Irã usar "tecnologia nuclear". A CNN, entretanto, traduziu "tecnologia nuclear" para o inglês como "armas nucleares".
Ahmadinejad tinha dito que seu país tinha direito à energia nuclear e que uma Nação civilizada não necessita de armas nucleares. Mas a CNN manipulou as palavras do dirigente para fazer com ele dissesse que o Irã buscava uma bomba atômica.
E a credibilidade, onde é que fica?
O "erro" da CNN, o maior canal de notícias do mundo, sinaliza o quanto esta rede pode reproduzir a visão ideológica norte-americana, em detrimento da credibilidade jornalística.
A rede cobriu as crises internacionais mais importantes dos últimos anos, entre elas a do Iraque, do Afeganistão, de Irã, de Israel, do Paquistão, da Somália, de Ruanda e a dos Bálcãs.
O "erro" de tradução acontece no momento em que os EUA e a União Européia (UE) pressionam o Irã para que desista de reativar seu programa de enriquecimento de urânio e começam a tomar medidas no sentido de denunciar este país ao Conselho de Segurança da ONU.
Os EUA e a UE afirmam que o Irã pretende utilizar os conhecimentos adquiridos em seu programa de enriquecimento de urânio para desenvolver armamentos nucleares.
A ONU poderá impor sanções ao Irã, com a justificativa de que o país produzirá armas nucleares.
Irã oferece diálogo, mas UE se nega a negociar
Diante da crescente pressão internacional, o Governo do Irã decidiu ontem retomar as negociações sobre o desenvolvimento de seu programa nuclear, ao mesmo tempo em que a União Européia começou a elaborar a primeira minuta para uma resolução contrária ao país árabe no Conselho de Segurança da ONU.
Diplomatas europeus confirmaram ontem que o Irã enviou uma correspondência à Alemanha, à França e ao Reino Unido propondo uma reunião hoje, em Viena, para analisar as possibilidades de um reatamento formal das negociações para solucionar, por meio do diálogo, o conflito político criado.
No entanto, as fontes descartaram que os três países da UE possam aceitar a proposta iraniana. "Negociaremos apenas se o Irã voltar a suspender seu programa de enriquecimento de urânio. Como não pensa em fazê-lo, não vejo motivos para nos falarmos", disse um dos diplomatas, que pediu para não ser identificado.
A carta foi enviada por Javad Vaidi, vice-presidente do Conselho Nacional de Segurança do Irã e líder da delegação iraniana que esteve reunida no último dia 21 com a tríade européia em Viena. Na ocasião, as partes chegaram a acordos sobre a retomada das negociações a partir de hoje.
Denúncia na ONU
O bloco ocidental da UE quer convocar para os dias 2 e 3 de fevereiro uma reunião em caráter de urgência do Conselho de Governadores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para tornar efetiva a denúncia contra o Irã no órgão superior das Nações Unidas, que possui poder para ditar sanções específicas.
"Antes, no entanto, queremos preparar o texto da resolução que deverá ser aprovada. Convocaremos a reunião apenas quando estiverem definidos os detalhes da resolução", disse uma das fontes, que acrescentou que as consultas sobre o texto já começaram.
Segundo o diplomata, a minuta não contém ameaça de punições, mas outorgaria à AIEA mais poderes para investigar o programa nuclear iraniano. O caminho para uma denúncia foi aplainado em setembro de 2005, quando o Conselho de Governadores constatou que o Irã descumpriu suas obrigações de salvaguarda (controle), o que segundo o estatuto da AIEA requer uma análise do Conselho de Segurança sobre o caso.
Na ocasião, uma resolução foi aprovada pela entidade depois de um extenso processo de votação: 22 membros votaram a favor, apenas um contra, e houve 12 abstenções. Entre os países que se abstiveram estavam Brasil, Rússia e China. A Venezuela foi a única a se opor.
O ministro de Assuntos Exteriores russo, Serguei Lavrov, exigiu ontem o retorno do Irã à moratória de seu programa nuclear para retomar as negociações. Afirmou que o país árabe "deve fazer muito mais do que fez" para solucionar a polêmica criada.
Rússia e China rejeitam sanções contra Irã
A Rússia e a China deixaram claro ontem que não são favoráveis à imposição de sanções pela ONU, ao Irã, por causa do programa nuclear do país e defenderam a realização de mais negociações.
Os comentários dos dois países apontam para a falta de acordo entre as potências mundiais a respeito de enviar ou não o caso do programa iraniano para o Conselho de Segurança da ONU e sobre que medidas tomar a respeito da crise.
Horas antes, uma autoridade alemã tinha dito que os países membros do Conselho de Segurança continuavam discordando a respeito da questão. Na segunda-feira, reuniram-se em Londres representantes dos EUA, da Rússia, da China, da Grã-Bretanha, da França e da Alemanha.
A ONU pode impor sanções diplomáticas e econômicas contra o Irã, mas, para isso, precisaria do consentimento de seus cinco membros permanentes (EUA, Rússia, China, Grã-Bretanha e França), todos com poder de veto.
"A questão das sanções contra o Irã coloca o carro na frente dos bois. As sanções não são, de forma nenhuma, a melhor maneira de solucionar o problema", afirmou o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov.
A Rússia participa de um projeto de 1 bilhão de dólares para a construção da primeira usina nuclear do Irã.
Da redação,Érika FinatiCom agências
vermelho.org.br
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