1/21/2006

França defende direito de resposta nuclear ao terrorismo

Reuters

BREST, França - A França estará pronta para realizar um ataque nuclear contra qualquer Estado ou poder regional que realizar um atentado terrorista em solo francês. A declaração foi feita pelo presidente Jacques Chirac nesta quinta-feira.
Em um discurso no qual defendeu o programa nuclear da França, Chirac disse que Paris deve ter capacidade de contra-atacar centros de poder de estado e meios para agir após qualquer ataque terrorista ou ações envolvendo armas de destruição em massa.
- A reposta pode ser convencional. Também pode ser de outra forma - disse Chirac durante uma visita ao noroeste da França, onde os submarinos nucleares franceses estão baseados.
Ele disse que as forças nucleares da França têm essas instruções em mente e E que o número de ogivas nucleares transportadas em submarinos foram reduzidas para permitir ataques com alvos.
- Essa foi a primeira vez que Chirac falou claramente de uma resposta nuclear a um ataque terrorista, mas ele não fez menção a nenhuma ameaça específica contra a França.
- Contra um poder regional, nossa escolha não será entre inação ou aniquilação - disse ele. - A flexibilidade e a reatividade de forças estratégicas nos farão capaz de exercitar nossa resposta diretamente contra esses centros de poder e sua capacidade de agir. Qualquer dia grupos terroristas como a al-Qaeda vão recorrer às armas de destruição maciça contra alvos ocidentais. É apenas uma questão de tempo”, alerta Henry Crumpton, chefe dos Serviços de Contra-Terrorismo dos EUA, numa entrevista ao jornal britânico ‘Daily Telegraph’. Este especialista salienta que um ataque biológico poderá constituir uma ameaça mais perigosa do que um ataque nuclear“Estamos a falar de micro-alvos como a al-Qaeda, que, associados a armas de destruição maciça, têm um macro-impacto. Creio que a probabilidade de grupos terroristas usarem este tipo de armas é muito elevada”, vaticinou, alertando que o maior perigo não é um ataque nuclear.
“Não é, de facto, uma ameaça nuclear que me preocupa. Estou convencido de que é a ameaça biológica que vai ganhar força. Um ataque nuclear, por mais catastrófico que possa ser, é autocontrolado; mas um atentado biológico, se encararmos o cenário mais trágico, é, antes de mais, difícil de determinar se é ou não um ataque terrorista e, além disso, muito mais problemático de controlar”, adianta Crumpton.
Este especialista na luta antiterrorista recorda que após a guerra contra os taliban no Afeganistão, em 2001, as forças aliadas descobriram que a al-Qaeda estava a desenvolver um programa de antraz para ser usado contra o Ocidente. “Eles recrutaram um especialista muito experiente. Não há razões para acreditar que perderam o interesse neste tipo de armas”, comenta.
Segundo Crumpton, os grupos terroristas poderão adquirir armas de destruição maciça a países como o Irão e Síria e garante que é essa a preocupação subjacente à determinação dos EUA de travar Teerão.
Salientando a natureza mutante do terrorismo, Crumpton conclui que a luta contra o terror vai durar ‘décadas’, uma opinião, aliás, consensual entre especialistas e analistas políticos.