O holocausto nuclear
Não é o Irão que é uma ameaça para segurança global, mas sim os Estados Unidos da América e Israel.
Em recentes desenvolvimentos, governos europeus ocidentais – incluindo os estados denominados "não-nucleares" que possuem armas nucleares – juntaram-se ao vagão da banda. A Europa Ocidental e os estados membros da Aliança Atlântica (a NATO) endossaram a iniciativa militar conduzida pelos EUA contra o Irão.
Os planeados ataques aéreos do Pentágono ao Irão envolvem "cenários" que utilizam tanto armas nucleares como convencionais. Mesmo que não implicasse a utilização de armas nucleares, o perigo potencial de um holocausto nuclear no Médio Oriente deve, no entanto, ser considerado muito seriamente. Isto deve tornar-se um ponto central do movimento anti-guerra, particularmente nos Estados Unidos, Europa Ocidental, Israel e Turquia.
Também se deveria entender que a China e a Rússia são (não oficialmente) aliados do Irão, fornecendo-lhe equipamento militar avançado e um refinado sistema de defesa míssil. É improvável que a China e a Rússia assumam uma posição passiva, se ou quando os bombardeamentos aéreos forem executados.
A nova doutrina nuclear antecipativa defende a "integração" das operações "defensivas" e "ofensivas". Além disso, a importante distinção entre armas convencionais e nucleares foi diluída.
Do ponto de vista militar, os EUA e os seus parceiros de coligação, inclusive Israel e Turquia, estão "num estado de prontidão."
Através da desinformação dos media, o objectivo é galvanizar a opinião pública ocidental em defesa de uma guerra conduzida pelos EUA contra o Irão como retaliação ao seu desafio à comunidade internacional.
A propaganda de guerra consiste na "fabricação de um inimigo" enquanto veicula a ilusão de que o mundo ocidental está sob o ataque de terroristas islâmicos, os quais são directamente apoiados pelo governo de Teerão.
"Tornar o mundo mais seguro", "prevenir a proliferação de dispositivos nucleares sujos por terroristas", "implementar acções punitivas contra o Irão para assegurar a paz", "combater a proliferação nuclear pelos estados párias"...
Com apoio dos media ocidentais, foi instalada uma atmosfera generalizada de racismo e xenofobia contra os muçulmanos, particularmente na Europa Ocidental, o que proporciona uma falsa legitimidade à agenda de guerra dos EUA. Esta é apresentada como uma "guerra justa". A teoria da "guerra justa" serve para camuflar a natureza dos planos de guerra dos EUA, dando uma face humana aos invasores.
O movimento anti-guerra está, em muitos aspectos, dividido e mal informado acerca da natureza da agenda militar dos EUA. Várias organizações não-governamentais culparam o Irão, por não cumprir com as "exigências razoáveis" da "comunidade internacional". Estas mesmas organizações, que estão comprometidas com a paz mundial, tendem a subestimar as implicações do proposto bombardeamento americano ao Irão.
Reverter esta tendência exige uma campanha maciça com uma vasta rede a fim de informar os povos de todas as terras, no país e no estrangeiro, em bairros, locais de trabalho, paróquias, escolas, universidades, municipalidades, acerca dos perigos de uma guerra patrocinada pelos EUA que contempla a utilização de armas nucleares. A mensagem deveria ser estrondosa e clara: O Irão não é ameaça. Mesmo sem a utilização de armas nucleares, os bombardeamentos aéreos propostos poderiam resultar numa escalada, conduzindo finalmente a uma guerra que pode abranger grande parte do Médio Oriente.
O debate e a discussão também devem ter lugar dentro da comunidade militar e de inteligência, nomeadamente acerca da utilização de armas nucleares tácticas, nos corredores do congresso dos EUA, em municipalidades e a todos os níveis do governo. Em última análise, a legitimidade dos actores políticos e militares em altos cargos deve ser desafiada.
Os media corporativos têm igualmente uma forte responsabilidade pelo encobrimento dos crimes de guerra patrocinados pelos EUA. Devem por isso ser vigorosamente desafiados pela cobertura enviesada que têm feito da guerra do Médio Oriente.
No ano passado Washington travou um "braço de ferro diplomático" a fim de recrutar países para apoio da sua agenda militar. É essencial que, ao nível diplomático, países do Médio Oriente, da Ásia, África e América Latina tenham uma posição firme contra a agenda militar dos EUA.
Condoleezza Rice viajou pelo Médio Oriente, "exprimindo preocupação sobre o programa nuclear do Irão", procurando o apoio inequívoco dos governos da região contra Teerão. Enquanto isso, a administração Bush disponibilizava fundos para apoio de grupos de dissidentes iranianos dentro do Irão.
O que devemos fazer é romper com a conspiração do silêncio, denunciar as mentiras e distorções dos media, enfrentar a natureza criminosa da administração dos EUA e dos governos que a apoiam, a sua agenda militar assim como a sua chamada "Agenda de Segurança Interna" que já estabeleceu os contornos de um estado policial.
O Mundo está na encruzilhada da crise mais séria da história moderna. Os EUA embarcaram numa aventura militar, "uma longa guerra" que ameaça o futuro de humanidade.
É essencial trazer o projecto bélico dos EUA para o primeiro plano do debate político, particularmente na América do Norte e na Europa Ocidental. Os líderes políticos e militares que se opõem à guerra terão de adoptar uma posição firme, no interior das suas respectivas instituições. Os cidadãos devem adoptar, individual e colectivamente, uma posição contra a guerra.
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