1/29/2006

Depoimentos de Lula em investigação do PT

São Paulo - Faz muito tempo que o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva não fala publicamente sobre o advogado Roberto Teixeira, seu amigo e compadre, agora oficialmente convocado para ser um dos próximos depoentes da CPI dos Bingos. Houve época, entretanto, em 1997, que Lula contou longamente a história dessa amizade em dois depoimentos prestados em duas comissões de ética do PT. Esses depoimentos estão em mão da CPI dos Bingos desde a última terça-feira. Fazem parte do calhamaço de documentos entregues pelo economista Paulo de Tarso Venceslau, expulso do PT em 1998 depois de denunciar corrupção e tráfico de influência no chamado caso CPEM.
Lula foi ouvido duas vezes. Na primeira, em 30 de junho de 1997, depôs para os advogados Hélio Bicudo e José Eduardo Cardozo, e para o economista Paul Singer, quadros partidários que formaram a primeira comissão de ética sobre as denúncias de Venceslau. O relatório dessa primeira comissão acusou Teixeira por "grave falta ética" e recomendou que ele fosse punido. Foi aprovado pela Executiva Nacional, mas depois, sob forte pressão de Lula, foi desconsiderado.
O segundo depoimento foi prestado em 14 de novembro de 1997 para a comissão de ética de Paulo de Tarso Venceslau, composta por Pedro Pereira do Nascimento, o Pereirinha, André Luis de Souza Costa, Vander Luiz Lubbert, Maurício Abdala Guerrieri e Moisés Basílio.
Os dois depoimentos somam 38 páginas. Em ambos, Lula defendeu-se das acusações, atacou Venceslau, e contou a história de sua amizade com Roberto Teixeira. É esta parte que abaixo se reproduz, quase na íntegra, mantidos os erros da transcrição, privilegiando o primeiro depoimento, que às vezes é mais completo. Acréscimos feitos no segundo depoimento estão entre parênteses.
De lá para cá, não se sustentou a versão da compra de um terreno de Marisa como parte do dinheiro que comprou o apartamento em que Lula mora. Entendendo que se trata de um assunto privado, o hoje presidente nunca deu um cabal esclarecimento a respeito. Duas outras perguntas também ficaram sem reposta, até hoje: quem foram os empresários que doaram U$S 400 mil para pagar o resgate do sobrinho de Roberto Teixeira, parte dos recursos arrecadada pelo próprio Lula, e o que foi feito do dinheiro, já que não houve pagamento do resgate. Nem Lula nem o PT jamais esclareceram essas questões.
A seguir, trechos do depoimento de Lula em 1997:
Primeiro contato
"Tem gente que em função das relações de amizade comigo devem ter perdido mais do que ganham na vida. Eu conheci o Roberto Teixeira no começo de 1982 quando o Maurício [Soares] era candidato a prefeito [de São Bernardo do Campo]. Naquele tempo tinha sublegenda e tinha 2 vereadores em SBC que eram o Batistini e o Artur Barbosa Horta, que eram do MDB e que tinham vindo para o PT e eram duas pessoas muito sérias (...) Não eram de esquerda, mas eram de uma retidão de comportamento exemplar. O primeiro contato que eu tive com o Roberto Teixeira, no escritório [dele], com o Maurício, foi [para] conversar com esses dois vereadores para tentarmos trazer para o PT. (...) Aí se estabeleceu uma relação de amizade entre o Maurício e o Roberto Teixeira. Até então não era comigo. Até que logo depois das eleições, em 83, o Maurício convidou o Roberto Teixeira para ser secretário-geral do partido [em SBC] e o Roberto foi me consultar. Eu falei: "Olha, Roberto, algumas pessoas ajudam mais o PT não sendo do PT do que sendo do PT, eu preferiria que você não fosse. (É como Marcio Thomaz Bastos. Tem gente que fala: por que o Marcio não se filia ao PT?) Como advogado, você pode ajudar, você tem uma relação de amizade na cidade diferente da relação que o PT tem (...)". Mas o Maurício conseguiu (e o Roberto Teixeira virou secretário-geral do partido).
Teixeira na secretaria-geral
"Foi um secretário-geral muito atuante. Essa é a característica do Roberto Teixeira que incomoda muita gente: ele é muito atuante, ele trabalha 24 horas por dia e ao contrário do Dr. Maurício que você conhece bem, Hélio, o Maurício é mais paradão, (tem um jeito mais lerdo, mais devagar e o Roberto Teixeira empurrava demais o dr. Maurício para trabalhar), e o Roberto era um cara polêmico, pelo jeito dele ser ele era um cara muito polêmico."
Rompimento com Maurício Soares
"Aí, por problemas que eu não vou entrar em detalhes, conflitos familiares aí (problema de disputa, de incompatibilidade, de um ser mais competente do que o outro como advogado, de um se gabar diante do outro, inveja de mulher) houve um certo rompimento entre o Roberto e o Dr. Maurício. Rompimento não. Houve um afastamento.
Amigos se afastam
"Nesse meio tempo, o Roberto tinha perdido parte da relação de amizade dele pelo fato de ter entrado no PT. Logo que anunciou que estava no PT ele foi pra Caldas Novas com uns amigos que ele tinha lá em SBC. Ele era parte da classe média alta de SBC. Chegou lá, em Caldas Novas, a mulher dele esta esperando e disse : "Olha, Roberto, o pessoal está dizendo que esse negócio de você entrar no PT, que vão parar de sair com você". O Roberto pegou a mala, pegou a mulher, e veio embora. Largou o pessoal lá.
Amigo de Lula
"E aí, em função de estar mais ou menos brigado com o Maurício, em função de estar com uma certa relação de amizade um pouco conturbada, o Roberto passou a ter uma relação de amizade muito grande comigo, e eu comecei a freqüentar o sítio com o Roberto. (...) Isso foi em 83, 84, por aí. Eu comecei a freqüentar o sítio do Roberto Teixeira lá em Monte Alegre [SP]. Pelo menos uma vez por mês a gente ia pra lá. E eu lembro que naquele época o jornal O Estado de S. Paulo, já em 85, 86, foi em Monte Alegre pra pesquisar no cartório achando que o sítio do Roberto era meu e o Roberto era meu testa-de-ferro. Isso já em 85, numa cidadezinha pequena, o cara do cartório amigo do Roberto. Então o cara contou: "Olha, veio um cara do jornal O Estado". E começou a sair boato que eu tinha fazenda lá em Monte Alegre. - O sítio já virou fazenda? Era uma coisa absurda. Eu diria que pela minha presença no sítio, o Roberto perdeu muita amizade em Monte Alegre, porque o Roberto começou a impedir que as pessoas fossem no sítio dele pra não incomodar, quando eu ia descansar."
Teixeira paga operação
"Bem, em 85 eu fui pra Cuba e deixei o meu filho Marcos com o Roberto. E teve uma crise de apendicite do meu filho. Ele foi operado na Santa Casa, o Roberto pagou. Eu estou com um processo até hoje na Previdência, faz 12 anos, para restituir a operação que o meu filho fez, particular, na Santa Casa. Aí o Roberto passou a ter uma relação com minha família muito íntima. Ou seja: eu, Roberto, Elvira [esposa de Teixeira], as duas meninas dele e os meus meninos, a gente se via pelo menos 4, 5 dias por semana. A mulher do Roberto vendia estrelinha do PT na praça Lauro Gomes, junto com a Marisa, a molecada dormia na calçada da matriz dentro das barracas do PT, ela ia fazer Bazar da Pechincha com a Marisa, pra vender, arrecadar dinheiro pro partido. E passou a ter uma relação muito íntima de jogar buraco toda noite, tal.
De amigo a padrinho
Em 85 nasceu o meu filho, o Luiz Cláudio, e eu e a Marisa chegamos à conclusão que era importante chamar o Roberto e a Elvira para serem os padrinhos do nosso filho. No PT, o Roberto era um pouco assim visto como um burguesão, né, mas também no PT qualquer um (...)
Construtor da sede
"O Roberto Teixeira foi um cara que praticamente construiu aquela sede do PT [em SBC]. A primeira sede ele construiu vendendo metros. Ele comprou um terrenos de 600 metros, eu não sei quantos metros, ele vendeu o metro a 30 cruzeiros na época, então eu lembro que eu fui vender terreno com ele, o prefeito era o Galante. Vender terrenos pro Hospital Assunção, vendia terrenos. Trabalhador não podia comprar, juntava 6 ou 7 trabalhador e comprava um metro de terreno. Pra construir a sede as pessoas faziam doação de saco de cal, de saco de cimento, de ferro, e era o Roberto que fazia tudo isso. Ou seja: aquele sede saiu muito, muito, muito, por conta da teimosia do Roberto, ou seja, eu lembro até que nós fomos encher a lage daquela sede. Eu saí de SBC 6 horas para ir a São Sebastião fazer um comício. Voltei meia-noite, o pessoal estava trabalhando. Trabalhamos até 3, 5 da manhã para encher aquela lage. Era um tempo em que as pessoas trabalhavam no PT com muito gosto.
Primeiras denúncias
Bem, depois dessa sede, o Roberto começou a cair em desgraça no PT, não só porque já tinha uma certa inimizade com o Maurício, mas porque o Roberto tinha descoberto uma coisa (...) Aí entra uma coisa interna do PT que é o seguinte: o Roberto Teixeira começou a cair em desgraça no PT porque ele descobriu, com amizades que tinha na prefeitura, ele conseguiu informações da contabilidade da prefeitura, que os 7 vereadores do PT pagavam os 30% com aplicação da poupança (....) O Roberto descobriu isso, e os 7 vereadores viraram inimigos do Roberto e começaram a queimar o Roberto Teixeira, pediram uma Comissão de Ética pro Roberto. Ao perceberam que na Comissão de Ética ia dar merda porque o Roberto ia contar toda a história. Resolveram não pedir mais a Comissão de Ética. Aí o Roberto pediu uma Comissão de Ética pra ele, [mas] até hoje nunca foi ouvido. A nossa relação de amizade continuou crescendo, o Roberto foi aos poucos de afastando do PT.
Mais problemas com Maurício
Houve um problema muito sério com o Roberto em 88, não, em 90, em 88, quando Maurício ganhou as eleições para a prefeitura de SBC], porque o Roberto ia mudar pra Miami com a família porque ele queria que as filhas estudassem inglês, e o Maurício convidou o Roberto para ser secretário jurídico da Prefeitura, e foi um trabalho muito longe de convencimento [até] o Roberto aceitar. Quando o Roberto aceitou, essa é outra coisas que eu não queria que tivesse no relatório, a mulher do Maurício vetou. - A mulher do Maurício Porque tinha um conflito entre as mulheres que eu não vou entrar nessa história. Então, vetou. Então o Celso Daniel [prefeito de Santo André] e o Cicote [vice de Celso] convidaram o Roberto pra ser secretário. Aí o Roberto não aceitou. Aí o Roberto foi se afastando das coisas do PT. Alguns companheiros iam pedir orientações jurídicas. Ele já não dava mais. Ele falava: "Vocês só vêm atrás quando vocês precisam de mim, eu sou burguês pra isso, eu sou não sei das quantas, então acabou". Ele ficou ressentido, a mulher dele se afastou do PT e nós ficamos com a nossa relação de amizade.
Casa emprestada
Bem, veio 1989, e aí eu vou falar pelo que eu ouvi, aí já não sei. Eu estava no Ceará quando o comando da minha campanha achou que a minha casa no bairro Assunção era uma casa que não oferecia segurança para um candidato que tinha possibilidade de ganhar as eleições. E eu sempre fui contra mudar daquela casa porque aquela casa cada tijolinho que tem lá eu tenho participação de ter colocado. Então, embora não tivesse segurança, era uma casinha que eu me sentia como parte de mim. Mas aí o pessoal insistiu, insistiu. [No segundo depoimento Lula diz que Vladimir Pomar ou Luiz Gushiken foram pedir para Roberto Teixeira arrumar uma casa com mais segurança em São Bernardo: "O Roberto Teixeira que tinha mudado da casa dele para um apartamento falou: ´Estou com minha casa à venda, mas eu cedo a casa para o Lula, não tem nenhum problema´") Eu sei que mudaram sem eu saber. Eu sei que eu cheguei de uma viagem (ao Ceará). Quando eu desci no aeroporto eu fiquei sabendo que eu não estava mais na casa que eu morava, que eu já estava em outra casa. E aí eu fiquei na casa. O que aconteceu com a casa, e é isso que eu acho mais absurdo ainda, bem, eu fiquei pra casa e óbvio que eu transferi a molecada toda de escola, perto da casa que eu morava. (Não foi uma relação de amizade que fez o Roberto Teixeira dar a casa para mim, foi uma relação partidária. Não foi o Lula que pediu a casa ao Roberto Teixeira, foi o comanda da minhja campanha, em 1989, que pediu a casa. E eu tenho certeza que sendo Lula candidato, ou Pereirinha candidato ou Paulo de Tarso candidato, o Roberto Teixeira Cederia a casa, como cedeu muitas outras coisas ao PT, toda vez que o PT pediu, sem pedir nada). Então, terminou as eleições de 89. (O normal seria eu voltar para a minha casa). Eu tinha consciência que eu era candidato em 94. Se eu estou naquela casa, o muro fui eu que fiz, a casa não tinha muro (...), eu falei pro Roberto: "Você não precisa da casa e eu não quero mudar, portanto, eu sou candidato em 89, se é pra procurar outra casa em 94 eu já vou ficar na casa mesmo". O Roberto Teixeira não precisava da casa porque ele não aluga essas casas pra aluguel de moradia. Ele só aluga comercialmente. Então ele tinha o motorista dele que trabalhou comigo antes, depois foi trabalhar com ele, que mora numa casa dele mais central do que a que eu moro, não pagava nada. Tinha duas empregadas domésticas que moravam em casa dele em SBC que não pagavam nada. Era uma forma que ele encontrava pra guardar a casa. Agora faz um ano e pouco ele mandou o motorista embora e convidou o Ponchio que trabalha comigo agora pra morar de graça na casa dele. O Ponchio não foi porque como ele estava querendo vender eu falei pro Ponchio: "Você não vai mudar para uma casa que daqui a três meses o Roberto vende e você vai ficar sem nada". Então o Roberto nunca, nós nunca discutimos aluguel, nunca discutimos contrato...É uma coisa que eu sempre achei a coisa mais normal do mundo que eu morasse na casa de um companheiro meu que era meu compadre e que tinha uma casa que estava me dando pra morar. Sabe, eu sinceramente não consigo entender, a não ser o preconceito, o absurdo de alguém achar que pelo fato, e aí as ilações do Paulo de Tarso ´que o Lula mora na casa do compadre´. Eu poderia ter feito o que todo o mundo faz neste país, eu poderia ter mentido, eu poderia ter feito um contrato fictício, falava "Olha, Roberto, você finge que recebe e eu finjo que pago". Poderia ter feito isso. Não fiz, porque eu achava uma coisa normal. Depois de 94, o Maluf explorou isso na campanha de 94, vocês estão lembrados que o programa do PPB. Eles foram com televisão, mostrava a casa, fazia pergunta pro povo, como que pode, sabe, "você acha normal um compadre dar a casa pra outro morar?"
A compra do apartamento
"Mesmo depois disso eu achava uma coisa tão normal que eu não tomei nenhuma atitude. Qual foi a atitude que eu tomei? Em 1995, O Roberto e o companheiro de uma imobiliária, de uma construtora, me procuraram dizendo o seguinte, foi a primeira vez que eu senti que o Roberto possivelmente estava querendo que eu mudasse de casa, o Roberto falou assim: "Eu sou advogado da incorporadora, da construtora e tem a casa de um tal de [Luiz Roberto] Satriani, de um apartamento que está sem pagar há vários meses. Então, antes de ir pro leilão quero te dizer que é um bom negócio, se você puder comprar, é um negócio importante, é um apartamento de 186 metros [quadrados], é um apartamento de cobertura, está em construção ainda, o rapaz está devendo acho que 98 mil reais, se você der". É por isso que eu fiquei magoado com o Satriani. Na verdade, ele ia perder. Eu ainda dei dez paus pra ele, ele inventou aquela história de que era cheque do sindicato, inventou a história que depois era do PT e eu dei as cinco parcelas pra ele dividida em 2 e vendi o Omega por 40 paus e vendi um terreno por 73 paus que era um terreno que a Marisa tinha de herança dela e dos irmãos dela lá em SBC. Aí comprei o apartamento. (Eu falei: "Roberto, eu não tenho dinheiro pra comprar. A única coisa que eu tenho é o seguinte: eu estou pedindo para o Paulo Okamoto vender o meu carro e estou querendo vender um terreno. Se ele se confirmar, eu posso até ter". Roberto falou: eu compro o teu carro. Aí Roberto Teixeira me comprou o carro, eu vendi o terreno por 72 paus e comprei o apartamento. Já era para ter mudado da casa inclusive antes disso. Acontece que a incorporadora que estava construindo o prédio, é um condomínio de 40 famílias, era [de] um cidadão mãos enrolado que o Paulo de Tarso, que o apartamento que foiu um puta de num negócio que eu fiz em 1995, gerou um pesadelo em 1997, porque não está pronto ainda e falta fazer muita coisa, a incorporadora não existe mais e eu estou me fodendo nessa para voltar para o apartamento. Eu tinha, inclusive, só pra você ter idéia, eu tinha feito negócio com o Roberto Teixeira. Eu disse: Roberto, vamos fazer o seguinte, eu não vou mudar para o apartamento, eu não vou me dar bem morando numa favela vertical; se eu chegar bêbado em casa, bater a porta e os vizinhos reclamarem...Então, como eu recebo muita gente, eu vou ficar na casa. Eu tinha feito negócio. Até que saiu tudo isso e eu dezfiz o negócio). A minha idéia era efetivamente mudar de casa e ir pro apartamento. Agora com tudo isso eu estou numa situação que é a seguinte: eu não posso voltar pra casa onde eu morava, eu não volto mesmo, não tem mais sentido eu voltar para aquela casinha. Agora eu tenho só uma opção: ou eu vendo a casa, vendo o apartamento e compro outra casa ou eu faço um levantamento de preço e mando fazer uma coisa de preço e tento trocar o apartamento pela casa que eu estou. Então a minha relação de amizade com o Roberto é essa, quer dizer, eu não sei quem são os clientes Roberto Teixeira, por isso que eu falei pra imprensa "eu não sou casado em comunhão de bens com o Roberto Teixeira", ele tem a vida de e eu tenho a minha, nem ele sabe das coisas que eu faço pelo PT e eu não sei das atividades profissionais dele, ou seja, cada um cuida [da] sua [vida], independente de ser compadre.
O seqüestro do sobrinho
Ele [Roberto Teixeira] mudou pra São Paulo um ano atrás por causa do seqüestro, ele teve um sobrinho, filho do Dirceu, que foi seqüestrado em SBC. Foi 11 dias de seqüestro. O Roberto é um cara que tem muito patrimônio mas é um duro. Pra você ter uma idéia, Hélio,, quem teve que ir atrás do dinheiro, também não quero que saia aqui, era 400 mil dólares, fui eu que fui atrás de uma parte dele, sabe, pedi pra empresários amigos. "Olha tem uma situação delicada de seqüestro de uma pessoa". O irmão do Roberto queria vender a casa, queria vender o carro.
Ninguém consegue vender as coisas assim, de uma hora pra outra. Eu lembro que teve empresários nossos amigos, que eu também não vou citar o nome aqui, que eu sou muito grato, porque a hora que a gente pediu o cara no mesmo dia arrumou uma parte do dinheiro, e graças a Deus não precisou utilizar o dinheiro porque prenderam o seqüestrador, prendeu, prendeu mas escapou, escapou prometendo, ele prometia matar o Roberto todo dia no telefone. - O Roberto não, o Dirceu. O Roberto, que foi o negociador. O irmão do Roberto, o Dirceu, não tinha estrutura psicológica, e o Roberto era o cara que atendia os telefonemas. (...) Então aí o Roberto resolveu mudar pra São Paulo. [Então] agora a gente passa meses sem se ver (...). Mas é essa relação de amizade. Por que eu digo que o Roberto só perdeu? Nesses 15 anos de amizade eu não consigo ver algum momento em que ele possa ter ganho alguma coisa na relação de amizade comigo. Eu acho que no fundo ele só perdeu, até do ponto de vista profissional. Eu acho que alguns clientes que ele poderia pegar não dão serviço pra ele por causa da relação dele com o PT. É essa a minha relação de amizade com o Roberto.
Luiz Maklouf Carvalho

http://www.estadao.com.br/ultimas/nacional/noticias/2006/jan/28/99.htm