2/24/2006

Rússia e China negociam acordo nuclear no Irã

Reuters
TEERÃ - Autoridades da China e da Rússia se dirigiram ao Irã nesta sexta-feira com a expectativa de convencer o país a aceitar uma proposta de acordo sobre o seu programa nuclear, o que poderia evitar a ameaça de sanções da Organização das Nações Unidas (ONU) contra a República Islâmica.
O prazo para o Irã chegar a um acordo está se esgotando. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) tem uma reunião marcada para debater o tema no dia 6 de março, em Viena.
O Irã ofereceu a inspetores da ONU informações sobre um obscuro projeto de processamento de urânio que, segundo a inteligência de países ocidentais, estaria relacionado ao design de ogivas para mísseis e testes com explosivos, disse na quinta-feira um diplomata.
O diplomata, que pediu para não ser identificado, afirmou que inspetores da agência estarão em Teerã neste fim de semana para averiguar a informação sobre o projeto.
Autoridades russas minimizaram as expectativas de um avanço nas negociações em Teerã. Além disso, um novo relatório do International Crisis Group (ICG) - organização não-governamental que promove resolução de conflitos - disse que o Irã não está em clima de consenso.
Os altos preços do petróleo e as dificuldades dos EUA no Iraque significam que para o Irã "provavelmente não é o momento de ceder, mas sim de pressionar, fortalecer sua posição para o dia em que negociações genuínas ou confronto com os EUA possam começar", observou o ICG.
Rússia e China, que têm acordos comerciais com Teerã e poder de veto no Conselho de Segurança da ONU, não são a favor do uso de sanções contra o Irã.
Mas como o país não demonstra ter sido afetado pela ameaça do Conselho de Segurança ou da possibilidade de ação militar, Moscou e Pequim aderiram aos pedidos ocidentais para que Teerã pare imediatamente a pesquisa com combustível atômico e o enriquecimento de urânio, retomado no mês passado.
Sergei Kiriyenko, chefe da agência de energia atômica da Rússia, a Rosatom, chegou a Teerã no início desta sexta-feira para três dias de negociações.
A China está enviando o vice-ministro das Relações Exteriores, Lu Guozeng, também para três dias de negociações.
As conversas em Moscou esta semana sobre a oferta russa de enriquecer urânio para os reatores do Irã, mantendo fora do país a tecnologia necessária para construir bombas, não chegaram a um acordo.
Autoridades iranianas sugeriram que a China também poderia fazer parte da instalação de enriquecimento na Rússia.
Diplomatas ocidentais temem que o Irã esteja tentando prolongar as negociações com a Rússia a fim de adiar qualquer ação do Conselho de Segurança da ONU.
Washington e seus aliados não querem que o Irã tenha conhecimento para enriquecer urânio, já que o mesmo processo pode ser usado para fabricar combustível usado em bombas. Teerã garante que seu programa tem fins pacíficos.
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