2/01/2006

Bush reitera postura Imperialista

O presidente George W. Bush, no discurso "O Estado da União", no qual expôs seu programa de governo para este ano, que foi proferido hoje, 1º de fevereiro (horário de Brasília), em Washington, perante as duas casas do Congresso, afirmou que a meta a longo prazo dos EUA é "o fim da tirania no mundo".
Bush, cujo governo tem uma política externa imperialista e extremamente opressiva, foi capaz de declarar:"Aceitamos o chamado da História para libertar os oprimidos e fazer este mundo avançar em direção à paz".
O presidente norte-americano disse que o país tem de continuar engajado agressivamente ao redor do mundo – contradizendo congressistas democratas e outros críticos que afirmam que as políticas americanas para o Iraque e na guerra contra o terrorismo estão provocando cada vez mais antipatia externa e causando mais mal do que bem aos EUA.
Iraque
Sobre a guerra no Iraque Bush disse: "Tenho confiança no povo iraquiano; tenho confiança nos nossos soldados. Estamos vencendo."
Bush tenta convencer os norte-americanos céticos de que sua estratégia para o Iraque funcionará, apesar de o número de mortes de soldados estar aumentando desde a invasão para derrubar o presidente Saddam Hussein.
Desde o início da campanha, mais de 2.200 norte-americanos e cerca de 30.000 iraquianos já foram mortos. O custo da guerra pode ultrapassar a casa dos 2 trilhões de dólares, uma cifra bastante superior às projeções feitas pelo governo norte-americano antes do conflito, segundo estudo divulgado no início de janeiro pelas universidades norte-americanas Columbia e Havard.
Hamas
Bush insistiu que o Hamas deve reconhecer Israel e se desarmar, referindo-se à vitória do grupo nas eleições palestinas de 25 de janeiro, nas quais o povo escolheu, democraticamente, este partido para representá-lo no Parlamento. Ele disse que as eleições palestinas "são vitais, mas são só o começo".
Irã
Bush disse que vai "unir o mundo" para enfrentar as ameaças do regime iraniano com sua ambição nuclear e também "com sua política de patrocínio do terrorismo".
"O governo iraniano está desafiando o mundo com suas ambições nucleares e as nações do mundo não devem permitir que o regime iraniano consiga armas nucleares", disse Bush. Os EUA, acrescentou, "seguirão com o objetivo de unir a comunidade internacional para enfrentar ameaças como essas".
O Irã é uma nação que, segundo Bush, na atualidade é "refém de uma pequena elite clerical que está isolando e reprimindo seu povo"."Os EUA respeitam vocês e respeitamos seu país", disse Bush dirigindo-se ao povo iraniano. "Respeitamos o direito de escolher seu próprio futuro e de ganhar sua liberdade" e os EUA desejam poder se transformar algum dia "no amigo mais próximo" de um Irã livre e democrático, ressaltou.
Programa de espionagem é "essencial"
Em outro ponto do discurso, Bush assegurou que o programa de espionagem interno autorizado por seu governo para controlar supostos terroristas "continua sendo essencial para a segurança dos EUA".
"Autorizei um programa de vigilância terrorista para acompanhar as comunicações internacionais de supostos agentes da (rede terrorista) Al-Qaeda desde e para os EUA", admitiu.
O presidente americano fez uma firme defesa dessa iniciativa perante a enorme polêmica suscitada no país, especialmente pela oposição democrata, que questiona o fato de Bush ter decidido espionar as conversas telefônicas e os e-mails de americanos sem autorização judicial.
Bush disse que decidiu recorrer a esse programa pela autoridade que lhe outorga a Constituição, e com o objetivo de "prevenir outro ataque" como o de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos. O programa de vigilância, na sua opinião, ajudou a evitar outros atentados e "é necessário para garantir a segurança do país".
Situação internacional
"Aceitamos o chamado da História para libertar os oprimidos e fazer avançar este mundo em direção à paz", enfatizou o presidente americano. Ele fez uma retrospectiva da situação internacional e mencionou de maneira especial a guerra no Iraque, o programa nuclear no Irã e os processos eleitorais no Oriente Médio.
Sobre a guerra no Iraque - cujo respaldo diminuiu gradualmente entre os cidadãos americanos nos últimos meses -, Bush excluiu uma retirada prematura. "Devemos manter nossa palavra, derrotar nossos inimigos e apoiar os soldados americanos nesta missão vital", disse.
"À medida que fazemos progressos e as forças iraquianas vão assumindo a liderança de maneira gradual, poderemos ir reduzindo nossa presença", acrescentou. O presidente teve duras palavras para o Irã, cujo regime, segundo assegurou, "isola e reprime seu povo" e "patrocina terroristas nos territórios palestinos e no Líbano; e isso tem que acabar".
Bush também acusou o regime iraniano de desafiar o mundo com suas ambições nucleares. "As nações do mundo não devem permitir que o regime iraniano adquira armamento nuclear", afirmou.
As recentes eleições na Palestina, nas quais o grupo radical Hamas venceu, e os processos eleitorais no Oriente Médio em geral, foram mencionados no discurso.
"As eleições são vitais, mas só são o começo", apontou o presidente, que lembrou que "estabelecer uma democracia requer o Estado de Direito, a proteção das minorias e instituições sólidas e transparentes que durem mais que uma legislatura".
Para o público interno, o presidente americano quis transmitir uma mensagem otimista sobre o desempenho da economia. Pediu também uma reforma migratória que inclua um programa de trabalhadores temporários estrangeiros, medida que já apresentou há mais de um ano mas que não conseguiu entusiasmar os legisladores americanos.
Reformas no sistema sanitário para torná-lo mais acessível aos cidadãos, e medidas para fomentar a competitividade das empresas também figuraram entre os assuntos destacados por Bush entre suas prioridades de governo para este ano.
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