2/24/2006

Irã culpa Israel e EUA por ataque a mesquita

Mohamed Ahmadinejad, discursou ontem (23/2) diante de milhares de pessoas, durante uma viagem ao sudoeste do Irã. O presidente iraniano responsabilizou os EUA e Israel pela explosão da mesquita de Askariya, em Samarra, na região central do Iraque. "Eles invadem nossos templos e os bombardeiam porque se opõem a Deus e à justiça", disse, referindo-se as forças ocupantes do Iraque comandadas pelos Estados Unidos.
"Essas atividades furtivas são atos de um grupo derrotado de sionistas e ocupantes, que querem atiçar nossas emoções. Os Estados Unidos devem saber que, tal ato não irá salvá-los do ódio das nações muçulmanas", comentou Ahmadinejad.
Tramas
Ali Khamenei, o líder religioso iraniano, fez um apelo na quarta-feira aos xiitas para que eles não se vinguem dos muçulmanos sunitas pelo suposto ataque sunita à mesquita de Samarra.
"Há definitivamente tramas para obrigar os xiitas a atacar as mesquitas e outras propriedades respeitadas pelos sunitas", disse ele. "Qualquer medida que contribua para isso estará ajudando os inimigos do islã e é proibida pela sharia", afirmou.
Quem se beneficia?
Alguns religiosos islâmicos e a organização libanesa Hezbolá também culparam o governo americano. "Não podemos imaginar que iraquianos sunitas fizeram isso. Ninguém se beneficia destes atos senão os invasores americanos e os inimigos sionistas", disse o clérigo e xeque sunita Iussef al-Qaradawi.
O ataque de quarta-feira ao santuário de Askariya foi amplamente condenado pelo Irã, país de maioria xiita. Todos os jornais do país estamparam imagens do templo na primeira capa, com uma faixa preta em sinal de luto.
Cerca de 2 mil estudante fizeram uma manifestação na cidade sagrada de Qom, no Irã, cantando "estamos prontos para defender nossos locais sagrados".
"Objetivo é dividir"
O rei da Jordânia, Abdullah II, definiu os ataques como "abomináveis" e o primeiro-ministro do Líbano Fuad Saniora, afirmou que o objetivo foi a divisão de xiitas e sunitas.
Um dos líderes xiitas iraquianos, Muqtada al-Sadr, encerrou uma breve visita ao Líbano para retornar às pressas ao Iraque, após a explosão. Para ele, a responsabilidade deve ser dos americanos ou do governo iraquiano.
"Se a responsabilidade não está nas mãos do governo do Iraque, então considero que a culpa desse evento é das forças de ocupação, que devem se retirar imediatamente ou então estabelecer um cronograma de retirada", disse o líder religioso.
O Ministério do Interior do Iraque disse que quatro homens, um vestindo uniforme militar e outros três vestidos de negro, entraram na mesquita de Askariya na manhã de quarta-feira e detonaram duas bombas, uma das quais destruiu o domo dourado. Nenhum grupo reivindicou a autoria do atentado.
Conspiração
Já passa de 130 o total de mortos no Iraque em choques ocorridos após o ataque a bomba contra um templo xiita em Samarra, na quarta-feira. O presidente colaboracionista iraquiano, Jabal Talabani, se encontrou ontem com líderes de organizações políticas do país para discutir formas de acabar com a violência entre as comunidades xiita e sunita do país.
Em sua reunião com lideranças políticas e religiosas, Talabani falou do risco de o país cair em uma guerra civil. "Estamos vendo uma grande conspiração para destruir a unidade iraquiana", disse ele.
Ainda ontem, as forças americanas no Iraque anunciaram que sete de seus soldados do país morreram nas explosões de duas bombas em estradas ao norte de Bagdá. Quatro foram mortos quando faziam patrulha em uma região próxima à cidade de Hawijah, a 240 Km ao norte de Bagdá. Outros três militares foram mortos quando o veículo em que viajavam foi atingido por uma bomba nas proximidades da região de Balad.
Com agências internacionais
www.vermelho.org.br