1/24/2006

Gripe Aviaria

A Comissão Europeia indicou hoje que vai pedir o prolongamento até ao final de Maio do embargo às importações comerciais de aves selvagens vivas na União Europeia, para combater a propagação da gripe das aves.
A comissão veterinária, que reúne os especialistas dos 25 Estados membros, deverá pronunciar-se sobre esta proposta terça-feira.
"Vamos propor que se prolongue a proibição de importar aves selvagens na União Europeia em geral, até ao fim do período de migração", que termina no final de Maio, declarou o comissário europeu da Saúde, Markos Kyprianu, perante a comissão de Saúde do Parlamento Europeu.
Inquirido sobre as causas da propagação da gripe das aves na Turquia, o comissário Kyprianu, que deverá deslocar-se àquele país de quarta a sexta-feira, atribuiu a responsabilidade às aves migratórias.
"Tudo leva a crer que as aves migratórias são a causa" da propagação da doença, afirmou, antes de sublinhar que "o comércio interno pode ser também responsável".
O embargo à importação de aves selvagens, decretado em Outubro e prolongado em Novembro, mantém-se até ao final deste mês.
A primeira decisão foi tomada após o anúncio da descoberta no Reino Unido de um papagaio importado da América do sul que morreu com o vírus H5N1 da gripe das aves durante o período de quarentena, quando se encontrava junto de aves procedentes de Taiwan.
Londres anunciou, em seguida, que o papagaio afinal não estava infectado mas que 53 canários originários de Taiwan - também de quarentena - morreram em consequência do vírus H5N1.
O comissário europeu da Saúde afirmou hoje novamente que a UE se encontra na zona "mais bem preparada do mundo" para a eventualidade de uma pandemia de gripe das aves, apelando, todavia, para que não se diminuam os esforços.
Kyprianu reconheceu que, em matéria de criação de "stocks" estratégicos europeus de antivirais não se progrediu "assim tanto".
"Os Estados membros não decidiram se querem" ou não esses "stocks", prosseguiu.
A ideia de um armazenamento conjunto de antivirais foi lançada pelo executivo europeu em Outubro, perante as diferenças de preparação e de capacidade de armazenamento dos Estados membros.
No início de Dezembro, numa reunião dos ministros da Saúde em Bruxelas, a França propôs, em seguida, que cada um dos 25 contribua com entre um e três por cento dos seus "stocks" nacionais, o que deverá, em cada país, permitir abranger 25 por cento da população, tal como recomenda a Organização Mundial de Saúde (OMS).
A proposta foi apoiada por "vários países" membros, mas suscitou algumas "questões" a outros, indicou Kyprianu, afirmando esperar que "as últimas questões em suspenso sejam resolvidas nos próximos meses".
O comissário reiterou ainda o seu apelo aos 25 para que estes façam até Fevereiro as suas encomendas de vacinas contra a gripe clássica para que sejam abastecidos antes do Verão, altura em que os laboratórios aumentam a sua produção contra as estirpes virais que afectam o hemisfério sul.
Hoje, o laboratório português Mendinfar anunciou que vai criar a primeira unidade de produção de vacinas anti-gripais em Portugal, a qual pode também fabricar as futuras vacinas contra a variante humana da gripe das aves.
http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?id=638281&div_id=291