2/28/2006

O refúgio de Osama Bin Laden

Quando o presidente Bush desembarcar em Islamabad esta semana será o momento em que estará mais perto de Osama bin Laden. Seu inimigo está provavelmente a algumas horas de carro no cinturão pushtu do Paquistão, que deve ser agora a central da al-Qaeda.
Nos últimos 12 meses, autoridades da CIA e do Pentágono mudaram as declarações que fizeram durante três anos após os atentados de 11 de Setembro de 2001 — que Bin Laden estava escondido “nas áreas tribais na fronteira entre Paquistão e Afeganistão”. Agora dizem que ele “não tem sua base no Afeganistão”: Bin Laden está no Paquistão.
O que resta é a pergunta: O que estão fazendo os EUA e seu aliado, o Paquistão?
Não muito, de acordo com altas autoridades afegãs, paquistanesas e ocidentais com quem conversei. Na verdade, as ações desastrosas de EUA e Paquistão apenas precipitaram a radicalização do noroeste do Paquistão e o tornaram mais acolhedor para Bin Laden e seus aliados talibãs.
“Temos lidado com uma figura que foi capaz de se esconder, mas está em fuga”, disse este mês a secretária de Estado Condoleezza Rice. Mas aqui no Paquistão a visão é outra. Bin Laden está bem protegido por amigos.
Antes do 11 de Setembro, a zona de influência de Bin Laden estava entre os pushtus no Afeganistão, que foi o centro do poder talibã. Os pushtus são o maior grupo étnico afegão e governaram o país por 300 anos. Nas fronteiras de hoje, milhões deles vivem no Paquistão, muitos na área tribal.
Foi no leste do Afeganistão que Bin Laden fez sua última aparição pública, em 10 de novembro de 2001. Ele discursou para mil guerreiros pushtus, exortando-os a resistir aos EUA. Então desapareceu nas montanhas de Tora Bora.
Poucos pushtus afegãos ousariam traí-lo naquele tempo. Mas os tempos mudaram. A maioria dos pushtus afegãos agora querem os benefícios da paz: desenvolvimento, estradas e escolas. Os pushtus do Paquistão, ao contrário, se radicalizaram após o 11 de Setembro. E a rebelião dos talibãs e da al-Qaeda agora conta com os pushtus paquistaneses para recrutamento e logística.
A região de Bin Laden se estende por 3.200 quilômetros no cinturão pushtu, indo até as fronteiras com China e Irã. A região tem de áreas de deserto até montanhas cobertas de neve. Pouco povoada, dá a Bin Laden o santuário ideal.
A al-Qaeda ajudou na transformação do cinturão pushtu numa base extremista, mas ações de EUA e Paquistão ajudaram mais. A recusa do secretário de Defesa Donald Rumsfeld a usar soldados suficientes na guerra permitiu que os extremistas escapassem e se reagrupassem lá. Por 27 meses, o presidente Pervez Musharraf permitiu que extremistas se instalassem lá.
Em março de 2002, três meses depois da derrota do talibã, os EUA começaram a retirar tropas, satélites e aviões espiões para a guerra no Iraque. Quando as tropas paquistanesas entraram lá, em março de 2004, os extremistas estavam entrincheirados e mataram 250 soldados.
Conseguir resultados não será fácil. Os pushtus paquistaneses não têm motivos para trair Bin Laden. O dinheiro está entrando com o comércio de drogas no Afeganistão e as malas cheias que chegam de aliados árabes. O governo paquistanês não oferece um papel político para os pushtus. Ações americanas como o ataque com mísseis que matou mulheres e crianças fazem o resto.
A recente decisão de Washington de começar a retirar tropas do Afeganistão este ano reforçou a crença da al-Qaeda de que está vencendo. Depois de quase cinco anos, cada dia que Bin Laden continua vivo inspira mais os extremistas que o protegem.
AHMED RASHID é jornalista paquistanês e escreveu esta artigo para o “Washington Post”
http://oglobo.globo.com/jornal/mundo

2/27/2006

EUA formam nova Guantánamo em Cabul

O Pentágono refutou hoje denúncia do jornal The New York Times de que estaria criando um novo Guantánamo afegão, garantindo que os cerca de 500 suspeitos que mantém em sua principal base no Afeganistão são tratados humanamente e têm à disposição "as melhores condições de vida possíveis". O jornal publicou hoje que os detentos estavam sendo mantidos em grupos de dez em celas de arame farpado na Base Aérea de Bagram, norte de Cabul - alguns há dois ou três anos sem acesso a advogados e sem mesmo saber do que estão sendo acusados.
A matéria, citando oficiais militares e ex-detentos não identificados, afirma que o número de presos tem crescido acentuadamente, em parte porque "combatentes inimigos" pegos durante a caça a militantes da Al-Qaeda e do Taleban no Afeganistão não estão mais sendo enviados para a prisão americana na Baía de Guantánamo, Cuba.
O coronel James Yonts, porta-voz militar dos EUA em Cabul, explicou que os mantidos em Bagram foram em algum momento "inimigos combatentes" e o status deles é regularmente revisto. "Mantemo-los por duas razões: para questioná-los e conseguir informações deles, ou porque eles cometeram violência contra a coalizão ou contra o povo do Afeganistão", acrescentou. "Se o detento não tem informação relevante para oferecer ou se acreditamos que ele não irá mais atacar as forças de coalizão nem do governo, nós o libertamos", explicou o coronel.
Yonts confirmou que cerca de 500 pessoas estão atualmente detidas em Bagram, sendo tratadas humanamente e "recebendo as melhores condições possíveis de vida e cuidados médicos de acordo com os princípios das Convenções de Genebra". O Exército dos EUA mantém que os "inimigos combatentes" não estão protegidos pelas Convenções de Genebra sobre o tratamento de prisioneiros de guerra. O Pentágono não tem permitido que grupos de direitos humanos afegãos e internacionais visitem a prisão de Bagram, apesar de permitir acesso ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha.
The New York Times descreveu as instalações como "primitivas". O número de detidos teria subido de cerca de 100 no início de 2004 para 600 no ano passado. O aumento seria fruto da decisão do governo Bush de suspender a transferência de presos para Guantánamo depois que a Suprema Corte dos EUA julgou que aqueles prisioneiros tinham alguns direitos jurídicos básicos.
Agência Estado
www.ibest.com.br/servlet/IbestNews/

2/26/2006

EUA é o maior beneficiado no atentado a Mesquita da Cúpula Dourada

Após o atentado que destruiu a mesquita da Cúpula Dourada, em Samarra, um dos mais importantes templos xiitas no Iraque, desencadeou-se uma onda de violência cujas principais vítimas são de origem sunita: mais de 130 integrantes deste ramo do islão foram assassinados em Bagdad e em Bassorá nas últimas horas, e mais de uma centena de lugares de oração sunitas foram atacados com diferentes graus de agressividade. As conversações para formar um governo de unidade entre as forças políticas dos três principais grupos de população — sunitas, xiitas e curdos — descarrilaram em consequência da escalada, e no ocidente antecipa-se já uma guerra civil naquele país ocupado.
Com os reflexos mentais adubados pela desinformação dos grandes media, dá-se por assente que o ataque à mesquita foi perpetrado por algum dos grupos insurgentes sunitas que combatem os ocupantes anglo-estadunidenses e o governo curdo-xiita de Yalal Talabani e Ibrahim al Yaafari, apesar de nenhum grupo haver reivindicado a acção criminosa.
Contudo, a suposta autoria sunita do ataque está longe de ser óbvia, assim como não o são os diversos ataques a templos e multidões xiitas que se têm perpetrado no destroçado país árabe. Os sunitas, de facto minoritários em termos demográficos e expulsos do poder pela invasão e arrasamento do Iraque, têm tudo a perder com esta classe de acções destinadas a granjear-lhe o ódio da maioria xiita e minar as possibilidades de preservar em alguma medida a unidade nacional, severamente fracturada pelo texto constitucional ideado pelos ocupantes ocidentais.
Em troca, a confrontação entre iraquianos de diferentes etnias e correntes islâmicas, e o linchamento maciço de sunitas, favorecem de modo evidente os interesses dos invasores anglo-estadunidenses. Por um lado, Washington e Londres continuam persuadidos de que a população sunita é o principal sustentáculo da resistência armada contra a ocupação, por outro, actos tão provocadores como o referido dão oportunidade aos governos de George W. Bush e Tony Blair para justificar a permanência das tropas estadunidenses e britânicas no território iraquiano. Além disso, a ruptura das conversações para a formação do governo torna evidente o caos imperante no Iraque posterior à ditadura de Saddam Hussein e permite argumentar quanto à necessidade de perpetuar a ocupação militar.
Tendo essas considerações em mente, torna-se iniludível considerar a possibilidade de que o atentado tenha sido planeado e executado pelos próprios estadunidenses.
Ninguém ignora que Washington e seus serviços secretos montaram, em repetidas ocasiões, provocações como essa para atiçar conflitos que podiam favorecer os interesses imperiais. Quanto à capacidade de operação dos soldados ocidentais destacados no Iraque, é preciso recordar que recentemente, em Bassorá, as autoridades locais detiveram militares britânicos que operavam disfarçados de árabes, e que as forças de Londres protagonizaram um violento resgate dos seus efectivos da prisão local. Washington carece da capacidade e também, talvez, da vontade de pacificar o Iraque, mas tem, em troca, meios de sobra para vestir alguns dos seus comandos com uniformes da polícia local e mandá-los explodir uma mesquita.
Sim, sem dúvida a destruição do templo xiita tem como finalidade semear "a discórdia civil", como disse Bush; sim, trata-se de um "crime para incitar o ódio sectário", segundo palavras de Talabani. Além disso, poderia muito bem tratar-se de um atentado de autoria estadunidense, como assegurou sem rodeios o presidente do Irão, o xiita Mahmud Ahmadineyad.
Se não estivesse clara a vontade do governo de Washington de destruir o Iraque, bastaria considerar os suportes gráficos e videográficos que documentam a destruição vesânica perpetrada nesse país pelos invasores, os quais, na primavera de 2003, bombardearam hospitais, escolas, igrejas e bairros residenciais, permitiram o saqueio de museus e bibliotecas e consentiram na pilhagem e no incêndio dos principais gabinetes públicos. Por que haveriam de hesitar tanto na hora de arrebentar uma mesquita, sobretudo se com isso se tornassem, na sua própria lógica, "imprescindíveis" naquela país árabe?
O original encontra-se em http://www.jornada.unam.mx/2006/02/24/edito.php
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

HAITI: Preval anuncia vitória do povo

Adital - "Esta não é uma vitória de Preval, é a vitória do povo haitiano". Estas foram as primeiras palavras do presidente eleito René Preval, durante entrevista concedida à Rádio Havana, de Cuba. O novo governante atribui sua vitória nas eleições do último dia 07 de março à ânsia do povo haitiano por mudanças e se vê como o condutor desse projeto para mudar a vida dos moradores do país.
Eleito com mais de 50% dos votos, Preval disse que o povo haitiano está faminto, necessitando de saúde e educação, mas agora esse povo está no poder. "Hoje o povo haitiano não tem acesso à educação, à saúde. A maioria da população não sabe ler nem escrever, não tem assistência sanitária, a maioria no tem um emprego que lhe permita viver com sua família."

Preval acredita que a cooperação internacional poderá ajudar bastante o Haiti. Ele citou a ajuda cubana na educação, através de um programa de alfabetização e de um programa de bolsas, em que 750 jovens haitianos estudam Medicina em Cuba.

A ajuda cubana é bem vista pelo futuro presidente, assim como a de todos os países que quiserem ajudar a melhorar a vida do povo haitiano. A cooperação com país do sul é entendida por Preval como mais próxima e fraterna. Mas, segundo ele, todas as ajudas têm que estar baseadas no respeito às decisões e vontades do povo haitiano.

Sobre a união das diferentes tendências políticas do país em torno de um novo projeto nacional, o presidente disse crer que "a maior reconciliação que deve se fazer é para os famintos que necessitam de comida, é para aqueles que não têm saúde, para que recebam atenção médica; é para aqueles que não têm educação, para que a recebam. Isso é o importante".
www.adital.com.br

ONU manda Israel parar

Kofi Annan está preocupado com o aumento das operações militares de Israel em Gaza e na Cisjordânia e com os ataques palestinianos a objectivos israelitas. Mahmud Abbas quer que o Conselho de Segurança da ONU pressione Israel a pôr termo às ofensivas militares.
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, expressou uma “enorme preocupação” com a escalada das operações militares israelitas em Gaza e na Cisjordânia. Em comunicado, Annan mostrou-se constornado com as mortes, causadas pelas recentes incursões militares de Israel, de palestinianos, especialmente civis. Também revelou preocupação com o aumento dos ataques com foguetes por parte dos militantes palestinianos contra objectivos israelitas.
Annan reiterou o seu apelo às partes em conflito “para que cumpram com as suas obrigações à luz do direito internacional, em particular, garantindo a protecção da população civil, tanto de palestinianos como de israelitas”.
O presidente da Autoridade palestiniana, Mahmud Abbas, pediu sexta-feira uma reunião urgente do Conselho de segurança da ONU para pressionar Israel a pôr termo de imediato às ofensivas militares na Cisjordânia e Gaza.
O movimento radical islâmico Hamas liderará o novo Governo da Autoridade Palestiniana depois de vencer com maioria absoluta nas eleições legislativas de 25 de Janeiro.
Numa entrevista sexta-feira ao canal 10 da televisão israelita, Abbas afirmou que é ele quem traça a política palestiniana e que está disposto em qualquer altura a dialogar com Israel sobre qualquer matéria e lembrou que o dirigente do Hamas e indigitado futuro primeiro-ministro palestiniano, Ismail Haniye, não figura na lista de militantes e dirigentes palestinianos procurados por Israel.
Entretanto, George W. Bush pressionou o Hamas, vencedor das legislativas palestinianas, a desarmar-se, reconhecer Israel e empenhar-se em manter as promessas eleitorais, advertindo-o de que é mais fácil cometer atentados suícidas do que fazer política.
“É mais fácil ser um mártir do que presidente de uma câmara ou ministro”, declarou George W. Bush em Washington, numa advertência implícita ao Movimento de resistência islâmica sobre as dificuldades que este terá em manter as suas promessas sem a ajuda financeira internacional, incluindo a dos Estados Unidos.
“Os dirigentes do Hamas têm uma escolha a fazer. Se quiserem ajudar os Estados Unidos e a comunidade internacional a construir um Estado palestiniano próspero e independente, devem reconhecer Israel, desarmar-se, rejeitar o terrorismo e trabalhar para uma paz duradoura”, defendeu. “O mundo aguarda para ver que escolha fará o Hamas”, acrescentou.
http://www.oprimeirodejaneiro.pt

GUANTÁNAMO: Juiz Federal ordena divulgação de nomes dos prisioneiros

WASHINGTON, 24 FEV (ANSA) - O Pentágono acatará a ordem de um juiz federal e tornará públicos os nomes dos prisioneiros confinados no campo de detenção de Guantánamo, informou hoje um porta-voz do Departamento de Defesa norte-americano. O juiz de Nova York, Jed Rakoff, deu um prazo até 3 de março para que o Pentágono entregue à agência de notícias Associated Press, que fez o requerimento judicialmente, toda a documentação das audiências militares a que os prisioneiros foram submetidos nos últimos anos. Cerca de 500 pessoas estão confinadas em Guantánamo por serem consideradas pelos Estados Unidos como suspeitas de terrorismo. No entanto, não receberam acusações específicas e não gozam dos direitos de defesa em julgamento. Essas condições, além das repetidas denúncias de torturas e humilhações, levaram, há uma semana, à divulgação de um relatório da ONU solicitando o fechamento do campo de detenção, pedido já feito anteriormente por organizações humanitárias. As informações sobre as audiências a que o juiz se referia já haviam sido entregues pelo Pentágono, que, no entanto, omitiu os nomes das pessoas envolvidas. Até hoje o Pentágono revelou o nome de apenas dez prisioneiros, que foram finalmente enviados a julgamento, mas em tribunais militares especiais. Segundo a informação disponível, em Guantánamo houve um máximo de entre 750 e 800 prisioneiros.
http://www.ansa.it/ansalatinabr

2/24/2006

Irã culpa Israel e EUA por ataque a mesquita

Mohamed Ahmadinejad, discursou ontem (23/2) diante de milhares de pessoas, durante uma viagem ao sudoeste do Irã. O presidente iraniano responsabilizou os EUA e Israel pela explosão da mesquita de Askariya, em Samarra, na região central do Iraque. "Eles invadem nossos templos e os bombardeiam porque se opõem a Deus e à justiça", disse, referindo-se as forças ocupantes do Iraque comandadas pelos Estados Unidos.
"Essas atividades furtivas são atos de um grupo derrotado de sionistas e ocupantes, que querem atiçar nossas emoções. Os Estados Unidos devem saber que, tal ato não irá salvá-los do ódio das nações muçulmanas", comentou Ahmadinejad.
Tramas
Ali Khamenei, o líder religioso iraniano, fez um apelo na quarta-feira aos xiitas para que eles não se vinguem dos muçulmanos sunitas pelo suposto ataque sunita à mesquita de Samarra.
"Há definitivamente tramas para obrigar os xiitas a atacar as mesquitas e outras propriedades respeitadas pelos sunitas", disse ele. "Qualquer medida que contribua para isso estará ajudando os inimigos do islã e é proibida pela sharia", afirmou.
Quem se beneficia?
Alguns religiosos islâmicos e a organização libanesa Hezbolá também culparam o governo americano. "Não podemos imaginar que iraquianos sunitas fizeram isso. Ninguém se beneficia destes atos senão os invasores americanos e os inimigos sionistas", disse o clérigo e xeque sunita Iussef al-Qaradawi.
O ataque de quarta-feira ao santuário de Askariya foi amplamente condenado pelo Irã, país de maioria xiita. Todos os jornais do país estamparam imagens do templo na primeira capa, com uma faixa preta em sinal de luto.
Cerca de 2 mil estudante fizeram uma manifestação na cidade sagrada de Qom, no Irã, cantando "estamos prontos para defender nossos locais sagrados".
"Objetivo é dividir"
O rei da Jordânia, Abdullah II, definiu os ataques como "abomináveis" e o primeiro-ministro do Líbano Fuad Saniora, afirmou que o objetivo foi a divisão de xiitas e sunitas.
Um dos líderes xiitas iraquianos, Muqtada al-Sadr, encerrou uma breve visita ao Líbano para retornar às pressas ao Iraque, após a explosão. Para ele, a responsabilidade deve ser dos americanos ou do governo iraquiano.
"Se a responsabilidade não está nas mãos do governo do Iraque, então considero que a culpa desse evento é das forças de ocupação, que devem se retirar imediatamente ou então estabelecer um cronograma de retirada", disse o líder religioso.
O Ministério do Interior do Iraque disse que quatro homens, um vestindo uniforme militar e outros três vestidos de negro, entraram na mesquita de Askariya na manhã de quarta-feira e detonaram duas bombas, uma das quais destruiu o domo dourado. Nenhum grupo reivindicou a autoria do atentado.
Conspiração
Já passa de 130 o total de mortos no Iraque em choques ocorridos após o ataque a bomba contra um templo xiita em Samarra, na quarta-feira. O presidente colaboracionista iraquiano, Jabal Talabani, se encontrou ontem com líderes de organizações políticas do país para discutir formas de acabar com a violência entre as comunidades xiita e sunita do país.
Em sua reunião com lideranças políticas e religiosas, Talabani falou do risco de o país cair em uma guerra civil. "Estamos vendo uma grande conspiração para destruir a unidade iraquiana", disse ele.
Ainda ontem, as forças americanas no Iraque anunciaram que sete de seus soldados do país morreram nas explosões de duas bombas em estradas ao norte de Bagdá. Quatro foram mortos quando faziam patrulha em uma região próxima à cidade de Hawijah, a 240 Km ao norte de Bagdá. Outros três militares foram mortos quando o veículo em que viajavam foi atingido por uma bomba nas proximidades da região de Balad.
Com agências internacionais
www.vermelho.org.br

Rússia e China negociam acordo nuclear no Irã

Reuters
TEERÃ - Autoridades da China e da Rússia se dirigiram ao Irã nesta sexta-feira com a expectativa de convencer o país a aceitar uma proposta de acordo sobre o seu programa nuclear, o que poderia evitar a ameaça de sanções da Organização das Nações Unidas (ONU) contra a República Islâmica.
O prazo para o Irã chegar a um acordo está se esgotando. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) tem uma reunião marcada para debater o tema no dia 6 de março, em Viena.
O Irã ofereceu a inspetores da ONU informações sobre um obscuro projeto de processamento de urânio que, segundo a inteligência de países ocidentais, estaria relacionado ao design de ogivas para mísseis e testes com explosivos, disse na quinta-feira um diplomata.
O diplomata, que pediu para não ser identificado, afirmou que inspetores da agência estarão em Teerã neste fim de semana para averiguar a informação sobre o projeto.
Autoridades russas minimizaram as expectativas de um avanço nas negociações em Teerã. Além disso, um novo relatório do International Crisis Group (ICG) - organização não-governamental que promove resolução de conflitos - disse que o Irã não está em clima de consenso.
Os altos preços do petróleo e as dificuldades dos EUA no Iraque significam que para o Irã "provavelmente não é o momento de ceder, mas sim de pressionar, fortalecer sua posição para o dia em que negociações genuínas ou confronto com os EUA possam começar", observou o ICG.
Rússia e China, que têm acordos comerciais com Teerã e poder de veto no Conselho de Segurança da ONU, não são a favor do uso de sanções contra o Irã.
Mas como o país não demonstra ter sido afetado pela ameaça do Conselho de Segurança ou da possibilidade de ação militar, Moscou e Pequim aderiram aos pedidos ocidentais para que Teerã pare imediatamente a pesquisa com combustível atômico e o enriquecimento de urânio, retomado no mês passado.
Sergei Kiriyenko, chefe da agência de energia atômica da Rússia, a Rosatom, chegou a Teerã no início desta sexta-feira para três dias de negociações.
A China está enviando o vice-ministro das Relações Exteriores, Lu Guozeng, também para três dias de negociações.
As conversas em Moscou esta semana sobre a oferta russa de enriquecer urânio para os reatores do Irã, mantendo fora do país a tecnologia necessária para construir bombas, não chegaram a um acordo.
Autoridades iranianas sugeriram que a China também poderia fazer parte da instalação de enriquecimento na Rússia.
Diplomatas ocidentais temem que o Irã esteja tentando prolongar as negociações com a Rússia a fim de adiar qualquer ação do Conselho de Segurança da ONU.
Washington e seus aliados não querem que o Irã tenha conhecimento para enriquecer urânio, já que o mesmo processo pode ser usado para fabricar combustível usado em bombas. Teerã garante que seu programa tem fins pacíficos.
http://oglobo.globo.com

Síria Rejeita Modelo "Democratico" dos EUA

DAMASCO - Para o Ministro da Informação Mohsen Bilal , a proposta americana de "exportar" democracia para o mundo árabe deve ser rejeitada. "Nós vemos essa democracia (dos EUA) em Abu Ghraib", ressaltou em alusão à prisão iraquiana de Abu Ghraib, conhecida pelos maus-tratos e as torturas perpetradas pelas tropas americanas contra presos iraquianos.
Bilal também se referiu à vitória do movimento Hamas no pleito legislativo realizado mês passado nos territórios palestinos. "Eles (potências estrangeiras) querem que a região do Oriente Médio caminhe de acordo com seus próprios interesses, e rejeitam e lutam contra qualquer um que não siga a cartilha", assinalou, em alusão à rejeição suscitada nos EUA e na Europa à vitória do Hamas.
www.estadao.com.br

2/22/2006

Detidos atores de filme sobre Guantánamo

LONDRES. Os atores Rizwan Ahmed e Farhad Harun, que interpretam suspeitos de terrorismo no premiado filme “The Road to Guantánamo”, foram detidos pela polícia britânica em sua chegada a Londres, vindos do Festival de Cinema de Berlim, informou ontem a organização dos direitos civis Reprieve.
Os atores do filme do diretor britânico Michael Winterbottom, agraciado no domingo com o Urso de Prata no Festival Internacional de Cinema de Berlim, foram presos na quinta-feira passada no Aeroporto de Luton, nos arredores de Londres. Eles estavam ao lado de Shafik Rasul e Rhuhel Ahmed, os ex-prisioneiros de Guantánamo interpretados nas telas pelos atores.
A polícia britânica informou que havia interrogado os atores com base na lei antiterrorista, mas que não havia efetuado prisões.
— Foi um procedimento de rotina. Ficaram detidos por menos de uma hora — disse uma porta-voz da Polícia de Bedfordshire, distrito onde está localizado o aeroporto.
O filme de Winterbottom relata o destino de três muçulmanos britânicos que vão para um casamento no Paquistão em 2001, viajam ao Afeganistão e terminam na prisão de segurança máxima dos Estados Unidos na base naval no leste de Cuba, por suspeita de terrorismo.
Ahmed, que interpreta Shafik, informou através da ONG que uma policial perguntou a ele se havia se “tornado ator para difundir a luta dos muçulmanos”. “Os atores ficaram traumatizados com esta experiência”, concluiu a Reprieve.
http://oglobo.globo.com/jornal/mundo

UE aprova monitoramento de ligações telefônicas e e-mail

Nesta terça-feira, a União Européia aprovou a manutenção dos dados de todas as ligações telefônicas feitas no bloco a partir de 2007. Segundo Bruxelas, a medida faz parte da luta contra o terrorismo, mas entidades de defesa dos direitos humanos acusam as autoridades de violação da privacidade dos cidadãos. Pela lei aprovada nesta terça-feira, as companhias telefônicas da Europa serão obrigadas a manter as informações sobre as chamadas por até dois anos. Entre as informações que serão guardadas estão o número do telefone de origem da ligação, além do nome e endereço do dono do telefone. A decisão da UE inclui ainda a manutenção de dados sobre ligações perdidas e mesmo aquelas que não foram atendidas. A UE também tomou a decisão de manter informações sobre os e-mails enviados pelo continente, o que gerou um protesto ainda maior dos ativistas. Mas, para Bruxelas, a decisão de inspecionar todas as formas de comunicação entre os cidadãos seria a única maneira de investigar autores de atentados terroristas ou mesmo evitar que ataques ocorram. Os ativistas alegam, no entanto, que com essas medidas as liberdades civis dos cidadãos podem estar ameaçadas. O debate sobre a necessidade de interceptar as chamadas começou depois dos atentados ocorridos em Madri, em 2004. Mas foi apenas após Londres sofrer um ataque no ano passado que a negociação sobre o tema ganhou relevância política. Nem todos os governos europeus estiveram de acordo com a decisão. A Irlanda e a Eslováquia votaram contra. O comissário de Justiça da UE, Franco Frattini, considerou a iniciativa como um "grande êxito" da Europa para combater o terrorismo. Para ele, a decisão consegue equilibrar a proteção dos direitos civis e a necessidade de se lutar contra o terrorismo. Além dos ativistas pelos direitos civis, quem não gostou da decisão foram as empresas telefônicas da Europa. Segundo os cálculos de Bruxelas, cada companhia terá de gastar cerca de 100 milhões de euros para criar esses bancos de dados sobre chamadas telefônicas e e-mails. Outros 50 milhões de euros seriam necessários para manter o serviço a cada ano. A empresa que não fizer isso, porém, poderá ser punida pelos governos.
http://www.noolhar.com/internacional/569366.html

2/21/2006

Condoleezza Rice sem vergonha procura apoio

A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, inicia nesta segunda-feira uma viagem pelo Oriente Médio em busca de apoio contra o programa nuclear iraniano e o financiamento do movimento islâmico Hamas, que procura estabelecer seu governo nos territórios palestinos.
Amanhã, Rice fará, no Egito, sua primeira escala, em uma viagem em que também irá à Arábia Saudita e aos Emirados Árabes Unidos, e que se prolongará até a quinta-feira (23).
A viagem acontece após uma semana de revezes para a imagem dos Estados Unidos no Oriente Médio, após a publicação de novas fotos sobre os maus-tratos a presos na prisão iraquiana de Abu Ghraib. Além disso, a publicação acontece após a divulgação de um relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) que pediu o fechamento da prisão na base naval de Guantánamo, onde os EUA mantêm centenas de presos acusados de terrorismo, a maioria de origem muçulmana.
No Cairo, Rice se reunirá com o presidente egípcio, Hosni Mubarak, um dos principais aliados árabes dos EUA, onde pedirá ajuda para pressionar o Hamas --vencedor das eleições legislativas palestinas de 25 de janeiro-- a reconhecer o Estado de Israel e abandonar as armas.
Da mesma forma, Rice pedirá o compromisso do Egito em não financiar a ANP (Autoridade Nacional Palestina) enquanto o Hamas --considerado um grupo terrorista pelos EUA e pela UE (União Européia)-- não cumprir esses requisitos.
Em declarações a jornais árabes na sexta-feira (17), por ocasião de sua viagem, Rice disse esperar que qualquer Estado que esteja considerando a possibilidade de financiar um governo liderado pelo Hamas "pense nos desdobramentos que isso terá no Oriente Médio e no objetivo de paz entre palestinos e israelenses".
Durante sua estadia no Egito, a secretária de Estado também pressionará as autoridades para que avancem no processo democrático interno. Rice se declarou "decepcionada" pelo adiamento das eleições municipais no Egito, que deveriam ser realizadas em abril. Os EUA também criticaram a prisão do líder da oposição Ayman Nour. A secretária de Estado também disse que sua mensagem a Mubarak será de que o Egito deve permanecer no caminho democrático e de que deve avançar nesse caminho, segundo jornais árabes.
Questão nuclear
Outro dos grandes temas que a secretária de Estado abordará em sua viagem será o programa nuclear iraniano e a necessidade de que os países vizinhos pressionem Teerã para que abandone suas "políticas agressivas", segundo declarou Rice na semana passada."O Irã tem seus próprios problemas com a comunidade internacional e poderia pensar duas vezes em aumentar esses problemas financiando movimentos fundamentalistas", expressou Rice.
Durante sua estadia na Arábia Saudita e nos Emirados Árabes Unidos, Rice irá insistir às autoridades de ambos os países para que elas "se pronunciem claramente e enfrentem o comportamento iraniano, pois as atitudes do Irã afetam toda a região", declarou o porta-voz do Departamento de Estado, Sean McCormack.
Rice, ao comparecer ao Senado semana passada, pediu ao Congresso uma verba de US$ 75 milhões para fomentar a democracia no Irã. A República Islâmica retomou seu programa de enriquecimento de urânio, e os EUA procuram formar uma frente internacional para levar o Irã ao Conselho de Segurança da ONU com o objetivo de impor sanções devido a tais atividades nucleares.
O ministro das Relações Exteriores iraniano, Manouchehr Mottaki, se reuniu nesta segunda-feira com o alto representante para a Política Externa e de Segurança Comum da UE, Javier Solana, e com outros altos funcionários em Bruxelas para retomar as negociações em torno desse programa nuclear. Após essa reunião, Solana afirmou que ainda persistem "dúvidas" sobre o caráter civil ou militar do programa nuclear iraniano.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u92812.shtml

2/19/2006

Exterminador do Futuro ataca novamente


San Francisco, EUA - O governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger negou comutar a pena de morte por prisão perpétua a Michael Morales, condenado pelo assassinato e estupro de uma jovem em 1981. Schwarzenegger disse que o arrependimento e a reabilitação expressados por Morales não o livram do crime que cometeu há 25 anos. A execução do condenado está prevista para depois da meia-noite de segunda-feira.
"Não há provas contundentes para que a pena estabelecida pelo júri não seja apropriada para o caso. Todos os tribunais mantiveram as resoluções do júri", disse o governador em comunicado. Salvo uma intervenção imprevista dos juízes, o preso, de 46 anos, será o terceiro executado na Califórnia desde dezembro.
Agencias.com

EUA estão perdendo a guerra diz Donald Rumsfeld


Rumsfeld afirmou que métodos melhores deveriam ser encontrados para ganhar o coração e a mente das pessoas no mundo árabe - onde a Al-Qaeda divulga "opiniões venenosas" sobre o Ocidente.
Em um discurso para o Conselho de Relações Exteriores, ele afirmou que o governo americano e as forças armadas devem responder mais rapidamente a eventos divulgados por meios de comunicação e aprender a explorar meios como a internet, a televisão a cabo e outras tecnologias modernas.
"Nossos inimigos se adaptaram a lutar guerras com a comunicação atual, mas em grande parte nós - nosso país, nosso governo - não nos adaptamos", disse ele.
"Nós no governo praticamente não começamos a competir para atingir a audiência deles."
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Chávez ameaça cortar fornecimento de petróleo aos EUA

Caracas - A Venezuela começou a tomar medidas para eventualmente cortar a provisão de petróleo aos Estados Unidos, se o governo Bush "passar dos limites", declarou o presidente Hugo Chávez. A advertência foi feita durante um ato com aposentados, realizado no palácio de Miraflores, sede do governo.
"O governo dos EUA deve saber que se passar dos limites não vai ter petróleo venezuelano. Já comecei a tomar medidas a respeito, mas não vou dizer quais", afirmou Chávez.
"Eles acham que não posso tomar essa medida porque dizem que não teríamos onde colocar o petróleo, mas estão equivocados, porque muitos países estão pedindo mais e dissemos a eles que não podemos, porque todos os dias enviamos 1,5 milhão de barris aos Estados Unidos", explicou.
A ameaça de Chávez está relacionada às declarações da secretária de Estado, Condoleezza Rice, feitas na quinta-feira perante o Comitê de Relações Exteriores da Câmara de Representantes, nas quais atacou o governo venezuelano.
Caracas exigirá uma explicação aos Estados Unidos pela afirmação da secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, sobre o "apoio internacional" a uma até agora inexistente greve dos transportes no país como medida para "defender o povo venezuelano" do governo de Hugo Chávez.
Chávez lembrou que a Venezuela está ajudando com petróleo barato as comunidades pobres de vários Estados dos EUA. Disse também que enquanto isso ocorre, o governo Bush "tira os impostos dos ricos e aumenta os dos pobres".
"O governo dos EUA gasta o dinheiro para invadir países como o Iraque e Afeganistão, e agora ameaça fazer o mesmo com o Irã e a Venezuela."
Disse também que as declarações de Rice confirmam que há "um plano desestabilizador contra a Venezuela e estão buscando formar uma frente contra nós".
http://www.estadao.com.br/ultimas/mundo/noticias/2006/fev/18/6.htm

2/17/2006

ONU e Parlamento Europeu exigem fechamento de Guantânamo

IMPERIO DO TERROR

Os Estados Unidos enfrentaram ontem forte pressão internacional para fechar sua prisão ilegal de Guantânamo. Investigadores da Organização das Nações Unidas (ONU) afirmaram que detentos da instalação recebem um tratamento equivalente à tortura. Num relatório de 40 páginas, cujo conteúdo já havia em grande parte vazado, cinco enviados especiais da ONU disseram que os EUA estão violando uma série de direitos humanos, incluindo a proibição da tortura e da detenção arbitrária e o direito a um julgamento justo.
As conclusões podem incendiar ainda mais os ânimos árabes contra o Ocidente, que cresceram após novas imagens de maus-tratos na cadeia iraquiana de Abu-Ghraib, recém-divulgadas por uma TV australiana. "O governo dos Estados Unidos deve fechar as instalações de detenção da baía de Guantânamo sem mais demora", disseram os investigadores. Enquanto isso não acontece, o governo dos EUA deve "evitar qualquer prática equivalente à tortura ou tratamento ou punição cruéis, desumanos ou degradantes", afirmaram.
O relatório afirmou que tratamentos cruéis, como colocar presos em solitárias, deixá-los nus, sujeitá-los a temperaturas extremas e ameaçá-los com cães pode equivaler à tortura, que é proibida em qualquer circunstância. "O excesso de violência empregado em muitos casos durante o transporte e a alimentação à força de detentos em greve de fome devem ser avaliados como equivalentes à tortura", disse o texto.
Os cinco investigadores disseram estar especialmente preocupados com as tentativas do governo dos EUA de "redefinir" a natureza da tortura, permitindo determinadas técnicas de interrogatório. Em Londres, a comissária da ONU para os Direitos Humanos, Louise Arbour, disse à imprensa internacional que não vê alternativa ao fechamento da prisão, que fica numa base naval norte-americana ilegal em Cuba, e que abriga cerca de 500 suspeitos de terrorismo. A maioria absoluta está detida ali há quatro anos sem passar por julgamento.
Arbour afirmou, antes da divulgação do relatório, que, embora não endosse todas as recomendações do documento, acha que os EUA devem submeter os detentos a julgamento ou liberá-los, fechando a prisão.
Rebate
Washington acusou os investigadores da ONU de agir como promotores. "Ele inclui apenas as alegações factuais necessárias para sustentar aquelas conclusões e ignora outros fatos que minariam essas mesmas conclusões", disse o embaixador dos EUA na ONU em Genebra, Kevin E. Moley, numa carta para Arbour, incluída como anexo às conclusões dos autores do documento.
Os EUA também negam que a alimentação forçada de presos em greve de fome equivalha a tratamento cruel. Os cinco investigadores da ONU disseram que as conclusões basearam-se em entrevistas com ex-detentos e com advogados e nas respostas a perguntas feitas ao governo dos EUA. Eles recusaram a oferta dos EUA para que visitassem o centro de detenção no ano passado, porque Washington não permitiria que eles entrevistassem os detentos isoladamente.
Parlamento Europeu
Mas a organização tão desrespeitada pelos EUA não esteve sozinha em sua pressão. O Parlamento Europeu (PE) também reivindicou ontem - em uma resolução - o fechamento do centro de detenção. No texto, aprovado por 80 votos a favor, um contra e uma abstenção, a Eurocâmara ressalta "que todos os prisioneiros devem receber tratamento conforme a legislação humanitária internacional, e ser julgados no prazo mais breve possível após uma audiência justa e pública, a cargo de um tribunal competente, independente e imparcial".
Os eurodeputados reiteraram, além disso, sua condenação a "todas as formas de tortura e de maus tratos" e "a necessidade de respeitar o direito internacional" na luta contra o terrorismo. O documento admite que "o terrorismo contemporâneo, em particular o terrorismo global contra as democracias e seus habitantes, representa uma ameaça aos direitos humanos básicos e fundamentais que nossas sociedades desfrutam".
Mas ressalta que a luta contra esta praga, "uma das prioridades da UE e um aspecto fundamental de sua ação exterior, só pode ser realizado com sucesso caso se respeitem plenamente os direitos humanos e civis". "(Guantânamo) é uma enorme mancha no histórico, não só dos EUA mas de todos aqueles que calam e toleram", afirmou o eurodeputado do grupo Os Verdes, Raúl Romeva, no debate prévio à resolução.
Representando a Comissão Européia (CE, órgão executivo da União Européia) e sem se pronunciar sobre a conveniência ou não de fechar o centro, o comissário de Pesca, Joe Borg, estimou que "a luta antiterrorista deverá ser sempre compatível com o direito internacional sobre os direitos humanos" e considerou que a Convenção de Genebra "é de aplicação no caso de todos os presos detidos" na base de Guantânamo.
Na resolução parlamentar, além de pedir ao presidente da Eurocâmara, Josep Borrell, que transfira a mensagem ao resto das instituições européias, como habitualmente fazem, os eurodeputados também solicitam que comunique ao secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, ao presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e ao Congresso americano.
Da Redação,Com agências.
www.vermelho.org.br
fotos: http://www9.sbs.com.au/theworldnews/

2/16/2006

Annan defende o fechamento de Guantánamo

WASHINGTON e BAGDÁ- O secretário-general da ONU, Kofi Annan, afirmou nesta quinta-feira que o centro de detenção americano de Guantánamo deve ser fechado "mais cedo ou mais tarde". A prisão, localizada na base naval dos Estados Unidos em Cuba, abriga 500 prisoneiros que não foram legalmente julgados.
Annan reagiu à publicação de um relatório elaborado por cinco relatores de direitos humanos da ONU, que pede o fechamento do centro de detenção. No documento, o grupo de especialistas também defende que Washington inicie um processo judicial ou ponha imediatamente os prisoneiros em liberdade.
- Creio que cedo ou tarde existirá a necessidade de fechar Guantánamo e é o governo dos Estados Unidos que deve decidir. Espero que o faça o quanto antes - disse Annan.
O secretário-geral esclareceu que o relatório não é da ONU, já que os especialistas são independentes, e acrescentou que "não está necessariamente de acordo com tudo o que contém o documento".
O governo americano, chamando os detidos em Guantánamo de "perigosos terroristas", desconsiderou o relatório e garantiu que os internos são humanamente tratados.
Em Bagdá, o ministro de Direitos Humanos do Iraque pediu nesta quinta-feira que as forças lideradas pelos EUA entreguem todos os detidos iraquianos que são mantidos em centros de detenção administrados por americanos. O pedido foi feito após a publicação de mais imagens de abusos cometidos contra prisioneiros iraquianos em Abu Ghraib.
- Estamos muito preocupados com os presos iraquianos em Abu Ghraib. As forças internacionais e as forças britânicas deveriam entregá-los ao governo iraquiano - afirmou Zuhair al-Chalabi.
www.oglobo.com.br